A História do SAP: Como Se Tornou o ERP Mais Utilizado no Mundo?

SAP

Filipa Oliveira | 15/04/2025

Provavelmente já ouviste falar do SAP, especialmente se trabalhas numa empresa de média ou grande dimensão. Este nome de três letras transformou-se num gigante tecnológico que alimenta os processos de negócio de milhares de organizações em todo o mundo.

Atualmente, mais de 440.000 empresas em 180 países utilizam alguma solução SAP, incluindo 92% das empresas listadas no Forbes Global 2000.

Mas como é que um pequeno software alemão se tornou no sistema de gestão empresarial mais influente do planeta? Vamos explorar a fascinante história do SAP e perceber como conquistou o seu lugar de destaque no universo dos sistemas ERP.

As origens: Cinco visionários e uma ideia revolucionária

A história do SAP começa em 1972, na pequena cidade de Weinheim, na Alemanha. Cinco antigos engenheiros da IBM – Dietmar Hopp, Hans-Werner Hector, Hasso Plattner, Klaus Tschira e Claus Wellenreuther – tinham uma visão que, na época, era verdadeiramente revolucionária: criar um software empresarial que integrasse todos os processos de negócio numa única aplicação, em tempo real.

Fundaram então a empresa “Systemanalyse und Programmentwicklung” (Análise de Sistemas e Desenvolvimento de Programas), que posteriormente se tornou “Systeme, Anwendungen und Produkte in der Datenverarbeitung” (Sistemas, Aplicações e Produtos em Processamento de Dados) – ou simplesmente SAP.

Na altura, as empresas utilizavam diferentes sistemas para cada departamento: um para contabilidade, outro para gestão de inventário, outro para recursos humanos, e assim por diante. Isto resultava em informações fragmentadas, redundâncias e ineficiências.

A ideia central da SAP era revolucionária: desenvolver um software standard que pudesse processar dados em tempo real e integrar todas as funções empresariais numa única plataforma.

SAP R/1 e R/2: Os primeiros passos de um gigante

Em 1973, apenas um ano após a sua fundação, a SAP lançou o seu primeiro produto: o SAP R/1. O “R” significava “processamento em tempo real” (real-time), destacando a principal inovação do sistema. O SAP R/1 era uma aplicação financeira centralizada que permitia o processamento de dados em tempo real – uma novidade para a época, quando a maioria dos sistemas funcionava em lotes.

No início dos anos 80, com o surgimento dos mainframes mais potentes, a SAP evoluiu para o R/2, uma versão mais robusta que expandiu as funcionalidades para além da contabilidade, abrangendo áreas como:

  • Gestão de materiais
  • Planeamento de produção
  • Recursos humanos
  • Contabilidade financeira
  • Controlo de custos

O R/2 também suportava:

  • Múltiplos idiomas
  • Diversas moedas
  • Diferentes requisitos fiscais por país

Estas características facilitaram a expansão internacional da empresa. Em 1981, a SAP já contava com mais de 200 clientes na Europa e começava a chamar a atenção a nível global. O R/2 tornou-se particularmente popular em grandes empresas industriais alemãs, que precisavam de gerir operações complexas e integrar diferentes departamentos.

A revolução do SAP R/3: Cliente-servidor e expansão global

O verdadeiro ponto de viragem na história da SAP ocorreu em 1992, com o lançamento do SAP R/3. Esta nova versão representou uma mudança radical na arquitetura do sistema, passando de mainframes para uma estrutura cliente-servidor em três camadas (daí o “3” em R/3): apresentação, aplicação e base de dados.

Esta nova arquitectura trouxe várias vantagens significativas:

  • Maior flexibilidade e escalabilidade
  • Interface gráfica mais amigável
  • Possibilidade de implementação em diversas plataformas de hardware
  • Capacidade de suportar vários sistemas operativos e bases de dados

O SAP R/3 chegou no momento perfeito. A globalização estava a acelerar, e as empresas precisavam de sistemas que pudessem gerir operações internacionais complexas. Além disso, o custo dos servidores estava a diminuir, tornando as soluções cliente-servidor mais acessíveis.

Os grandes sectores industriais – automóvel, farmacêutico, petroquímico e financeiro – foram os primeiros a adotar o SAP R/3 em larga escala. Empresas como Coca-Cola, General Motors, IBM e Microsoft implementaram o sistema, solidificando a reputação da SAP como a escolha das grandes corporações.

Expansão de portfólio e adaptação ao mercado

Durante os anos 90 e início dos anos 2000, a SAP continuou a expandir o seu portfólio de produtos. Em vez de desenvolver todas as soluções internamente, a empresa adotou uma estratégia de aquisições estratégicas para complementar a sua oferta:

  • Em 2007, adquiriu a Business Objects, líder em business intelligence
  • Em 2010, comprou a Sybase, especializada em software de base de dados e mobilidade
  • Em 2011, adquiriu a SuccessFactors, focada em gestão de recursos humanos na cloud
  • Em 2012, comprou a Ariba, plataforma de comércio eletrónico B2B
  • Em 2014, adquiriu a Concur, especializada em gestão de despesas de viagens

Estas aquisições permitiram à SAP oferecer soluções mais completas e especializadas, fortalecendo a sua posição no mercado.

Paralelamente, a empresa foi adaptando os seus produtos às novas tendências tecnológicas, como internet, mobilidade e computação em nuvem.

Em 2006, a SAP lançou o SAP NetWeaver, uma plataforma tecnológica que facilitava a integração de sistemas e o desenvolvimento de aplicações empresariais.

A era digital: SAP HANA e S/4HANA

Em 2010, a SAP deu um passo revolucionário com o lançamento do SAP HANA (High-Performance Analytic Appliance), uma plataforma de computação in-memory que permitia o processamento de enormes volumes de dados em tempo real. Esta tecnologia representou uma mudança de paradigma, eliminando a distinção tradicional entre sistemas transacionais e analíticos.

Com o SAP HANA, as empresas podiam executar análises complexas em tempo real sobre os seus dados operacionais, sem necessidade de extrair a informação para sistemas separados. Isto abriu novas possibilidades para análise preditiva, otimização de processos e tomada de decisões baseadas em dados.

Em 2015, a SAP lançou o S/4HANA, a quarta geração do seu ERP, completamente redesenhado para tirar partido da plataforma HANA. O S/4HANA simplificou drasticamente o modelo de dados, melhorou a experiência do utilizador e acelerou o processamento de transações e análises.

Além disso, o S/4HANA foi desenvolvido com uma abordagem “cloud-first”, refletindo a crescente adoção de soluções baseadas na nuvem. A empresa passou a oferecer três opções de implementação:

  • On-premise (no datacenter do cliente)
  • Cloud privada (ambiente dedicado na cloud)
  • Cloud pública (solução multi-tenant)

Esta flexibilidade permitiu às empresas escolher o modelo que melhor se adaptava às suas necessidades específicas e estratégia de TI.

Outros artigos:

A transformação digital e o futuro do SAP

Nos últimos anos, a SAP tem apostado fortemente na integração de tecnologias emergentes nas suas soluções:

Em 2016, lançou o SAP Leonardo, uma plataforma digital que combina estas tecnologias para ajudar as empresas a inovar e transformar os seus processos de negócio.

A empresa também tem investido no desenvolvimento de aplicações específicas para setores:

  • SAP for Retail
  • SAP for Healthcare
  • SAP for Banking
  • SAP for Utilities
  • SAP for Oil & Gas
  • SAP for Public Sector

Estas soluções oferecem funcionalidades adaptadas às necessidades particulares de cada indústria.

Em 2019, com a aquisição da Qualtrics por 8 mil milhões de dólares, a SAP entrou no mercado de gestão de experiência (XM), combinando:

  • Dados operacionais (O-data): o que está a acontecer nos processos de negócio
  • Dados de experiência (X-data): por que está a acontecer, do ponto de vista humano

Esta combinação ajuda as empresas a compreender melhor os seus clientes e colaboradores.

Mais recentemente, a SAP tem reforçado a sua estratégia cloud, com o objetivo de transformar todos os seus produtos em serviços baseados na nuvem. A plataforma Business Technology Platform (BTP) permite às empresas:

  • Integrar aplicações SAP e não-SAP
  • Estender funcionalidades standard
  • Construir novas aplicações
  • Analisar dados de forma inteligente
  • Automatizar processos com low-code/no-code

Como o SAP se manteve na liderança

A trajetória do SAP de uma pequena empresa alemã para o maior fornecedor mundial de software empresarial não foi acidental. Vários fatores contribuíram para o seu sucesso duradouro:

  1. Visão clara e consistente
    Desde o início, a SAP manteve-se fiel à sua visão de integrar processos empresariais e fornecer informações em tempo real. Esta clareza de propósito orientou o seu desenvolvimento ao longo de cinco décadas.
  2. Inovação constante
    A SAP sempre investiu significativamente em investigação e desenvolvimento, antecipando-se às tendências do mercado e incorporando novas tecnologias nos seus produtos.
  3. Foco nas necessidades dos clientes
    A empresa desenvolveu relações estreitas com os seus clientes, especialmente grandes corporações, compreendendo profundamente os seus desafios e adaptando as suas soluções para resolvê-los.
  4. Ecossistema robusto
    A SAP construiu um vasto ecossistema de parceiros, consultores, desenvolvedores e comunidades de utilizadores que contribuem para a implementação, customização e evolução das suas soluções.
  5. Adaptabilidade
    Ao longo da sua história, a SAP demonstrou notável capacidade de adaptação a mudanças tecnológicas e de mercado, desde a transição de mainframes para cliente-servidor, até à atual era da cloud e da inteligência artificial.

Um legado de transformação empresarial

Ao longo de mais de 50 anos, o SAP transformou-se de um pequeno software financeiro numa plataforma abrangente que suporta praticamente todos os aspetos de uma empresa moderna. A sua capacidade de evoluir constantemente, incorporando novas tecnologias e adaptando-se às mudanças no ambiente empresarial, permitiu-lhe manter a posição de liderança no competitivo mercado de ERP.

Hoje, enquanto as empresas enfrentam os desafios da transformação digital, o SAP continua a ser um parceiro crucial, fornecendo as ferramentas e plataformas necessárias para inovar e competir numa economia cada vez mais digital e conectada.

A história do SAP é, em muitos aspetos, a história da própria evolução dos sistemas empresariais: desde os primeiros sistemas de processamento em lote até às atuais plataformas integradas, inteligentes e baseadas na nuvem. E, a julgar pelo seu histórico de inovação e adaptação, o próximo capítulo promete ser igualmente revolucionário.

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